Resenha Crítica – Por Zeller do Valle Bernardino, associado Trainee do Instituto Líderes do Amanhã
Frederic Bastiat (1801–1850) foi um economista francês, sendo um dos mais influentes autores expoentes do pensamento liberal no Século XIX. Em sua obra “O que se vê e o que não se vê”, Bastiat faz um brilhante ensaio sobre os efeitos econômicos que são visíveis pela população e aqueles que não podem ser vistos.
Ao longo da obra, são apresentados alguns exemplos de políticas econômicas implementadas pelo Estado que, em um primeiro momento, podem ser vistas como benéficas, mas que possuem um custo alto para a sociedade que, muitas vezes, não é percebido. Um dos exemplos é a arrecadação de impostos. Quando o governo tributa os cidadãos para fazer obras públicas e gerar empregos, causa uma sensação de que aquela ação está gerando um benefício econômico para a sociedade. O que não é percebido, é que aquele recurso usado foi tirado dos pagadores de impostos e poderia ter um efeito econômico muito mais benéfico se estivesse com a população.
Sendo assim, é possível concluir que o livro está se referindo ao conceito econômico de custo de oportunidade. Esse princípio pode ser entendido como um valor que alguém deixa de ganhar por escolher uma coisa em detrimento de outra. No caso em questão, a escolha foi por arrecadar tributos para financiar obras e gerar empregos. O custo disso é o benefício que esse recurso poderia gerar se estivesse nas mãos da população.
Outro exemplo relevante é o do empresário protecionista, que pede pela proteção estatal contra produtos estrangeiros justificando que isso irá proteger a indústria local. O que fica visível é o empresário local ter aumentado suas vendas e mantido sua reserva de mercado. Entretanto, o impacto oculto disso recai sobre o consumidor, que terá menos opções de produtos e serviços, e um custo mais alto. Se, ao invés de criar uma reserva de mercado, o Estado deixasse uma concorrência livre, o consumidor teria mais acesso a produtos e pagaria menos, fazendo sobrar mais recursos para alocar em outras coisas. Esse tipo de comportamento ainda pode ser visto atualmente. Pode-se olhar o exemplo das indústrias no Brasil, que pedem subsídios e tarifas altas de importação para manter sua reserva de mercado contra os produtos chineses.
O autor se mostrou um grande crítico na crença de que o Estado é o caminho para a solução dos problemas. Ele destaca que, sempre que alguém tem uma ideia de como melhorar a vida da sociedade, entende que é através das ações do Estado na sociedade. Apesar disso, sempre que o Estado interfere na sociedade, sobretudo na economia, ele gera benefícios para uma minoria, às custas de uma maioria. O problema é que, muitas vezes, os custos dessas interferências não são visíveis em um primeiro momento.
Ao longo da obra, o autor questiona o conceito de Estado e convida o leitor a tentar definir o que é esse ente que parece capaz de solucionar todos os problemas da humanidade. No mesmo livro ele responde: o Estado é a ficção através da qual todo mundo se esforça para viver à custa de todo mundo. Com isso, resume que não existe uma solução mágica para os problemas e que toda escolha de ação do Estado possui um custo para a sociedade, muitas vezes negligenciado.
Por fim, o livro faz um convite aos leitores a pensar de forma critica a atuação dos governos e o custo, muitas vezes não visto, que isso tem para a população. Toda ação do Estado tem um custo e esse custo é financiado por todos nós que contribuímos.