Resenha Crítica – Por Jhonnilo Soares Cunha, Associado III do Instituto Líderes do Amanhã
A economia é, de longe, a ciência mais assediada por falácias. Tal fato ocorre pela natural tendência do ser humano de priorizar o nicho em que ele vive em detrimento do todo, ou então, o curto prazo em detrimento do longo prazo.
Aqui, podemos fazer um paralelo com o homem primitivo, que precisava que ele primeiro, e depois o seu bando, sobrevivessem; todos os dias, somente por mais aquele dia. Nessa ótica, fazer “o hoje” garantia a sua sobrevivência, pouco importava se reduzia a sua expectativa de vida no longo prazo. Mas evoluímos muito para continuar com esse pensamento instintivo e primitivo. A razão deve ser posta à frente não só em economia, mas em todos os assuntos pertinentes ao ser humano.
Muitas das ideias, que agora se passam por brilhantes inovações e progressos, são, na realidade, meras revificações de antigos erros e mais uma prova do ditado: aquele que ignora o passado está condenado a repeti-lo. Com efeito, Henry Hazlitt, jornalista, editor, economista e filósofo americano, foi um dos responsáveis por emular esse ditado na ciência. Sua obra, “Economia em uma única lição”, de 1946, é considerada um clássico da área econômica. Hazlitt começou sua carreira como jornalista financeiro e mais tarde se tornou editor econômico do The New York Times. Considerado um proeminente economista da Escola Austríaca do século XX, sua visão econômica era fortemente influenciada pelo liberalismo clássico e pelo pensamento de economistas como Ludwig von Mises e Frédéric Bastiat.
A lição é a seguinte, simples e direta: a arte da economia está em considerar não só os efeitos imediatos de qualquer ato ou política, mas, também, os mais remotos; está em descobrir as consequências dessa política, não somente para um único grupo, mas para todos eles.
Tudo gira em uma falácia central: considerar somente as consequências imediatas de um ato, ou proposta e apenas as suas consequências para um determinado grupo, esquecendo os demais. O bom economista é aquele que não cai nessa falácia, enquanto o mal economista é aquele que não consegue analisar de tal forma. Aqui, é necessário adicionar uma terceira categoria, o economista mau: é aquele que conhece as consequências, mas a ignora.
São inúmeros os exemplos de soluções falaciosas dadas por economistas para resolver questões imediatas, desde obras públicas e o constante anseio do Estado pelo pleno emprego, contando com incentivos para encorajar determinado setor em detrimento do consumidor, ou de outros setores. Tarifas para proteger o mercado interno, mas que distorcem a economia, deixando tudo mais caro para o consumidor final. Crédito estatal para estimular um determinado segmento, criando crises de calibre federal. Manutenção artificial de determinadas funções de trabalho, criando classes de inúteis funcionais, que não aprendem atividades novas e interessantes para o mercado porque a sua atividade, já obsoleta, continua garantida pelo Estado ou sindicatos, bem como o salário mínimo, que na verdade só gera mais desemprego. Por fim, o autor também menciona aspectos importantes sobre as consequências de longo prazo com as ações de paridade ou tabelamento de preços, dedica um capítulo apenas à inflação, reforçando como é falaciosa a ideia de que uma inflação sempre deve ser controlada e positiva. Sem dúvidas, a visão de Hazlitt é notável e, seus argumentos, em maioria, são atemporais. O resultado é uma leitura agradável, com conteúdo e ágil.