Artigo de Opinião – Por Emilio Henrique Stein Junior, Associado I do Instituto Líderes do Amanhã
Durante os anos eleitorais, é frequente notar um fenômeno comum no Brasil: o aumento repentino no ritmo de construção de obras públicas. Estradas asfaltadas, escolas reformadas, praças revitalizadas e uma variedade de projetos anunciados em um esforço visível para aumentar a infraestrutura e o bem-estar das comunidades, algo nunca visto nos anos iniciais do mandato. Dentro desse olhar prolixo de progresso, o uso de obras públicas como ferramenta eleitoral é frequentemente uma prática perigosa e prejudicial.
Os políticos frequentemente apresentam um comportamento oportunista ao realizar obras públicas na época de eleição, o que resulta em vantagens eleitorais ao apresentar uma imagem de progresso e desenvolvimento. Esta abordagem resulta normalmente em prioridades distorcidas e decisões de despesas questionáveis, com projetos frequentemente escolhidos com base mais em considerações políticas e eleitorais do que em necessidades legítimas da população.
Além disso, o foco em obras públicas eleitoreiras pode desviar recursos e atenção de questões urgentes e de longo prazo, como educação, saúde e segurança pública. Enquanto estradas são asfaltadas para ganhar votos, escolas e hospitais muitas vezes permanecem em estado precário, refletindo uma falta de visão e comprometimento com o verdadeiro bem-estar da população.
O desperdício de recursos públicos e o potencial para corrupção pública são outros problemas relacionados às obras. A pressão para iniciar e terminar projetos antes das eleições resulta frequentemente em processos de licitação agressivos e contratos inflacionados, que aumentam os custos e comprometem a qualidade do trabalho concluído.
Um padrão pernicioso de promessas vazias e expectativas não atendidas é criado pelo ciclo de obras públicas eleitoreiras. Durante as campanhas, os políticos fazem grandes promessas, garantindo a transformação das comunidades e a melhora da qualidade de vida dos habitantes. No entanto, após as eleições, essas promessas são frequentemente desafiadas, com projetos sendo cancelados ou deixados incompletos.
Essa falta de responsabilização e transparência alimenta um ciclo vicioso de desconfiança e cinismo em relação à política e ao governo. Em relação às promessas, os eleitores tornam-se cada vez mais céticos, enquanto os políticos continuam a apelar para táticas de curto prazo para garantir sua permanência no poder.
Em vez de se contentarem com soluções temporárias e superficiais, os políticos e os governos deveriam adotar uma abordagem mais sustentável e responsável ao desenvolvimento de infraestruturas públicas e à prestação de serviços públicos. Isso implicará a criação de métodos de planejamento e alocação de recursos transparentes e equitativos, para garantir que os investimentos públicos sejam direcionados para áreas onde são mais necessários e beneficiam o maior número de habitantes.
É necessário romper o ciclo de obras públicas eleitoreiras e realmente promover o desenvolvimento sustentável, apenas através de uma abordagem mais responsável e orientada para o longo prazo.