Artigo de Opinião – Por Afonso Celso Kinji Takemoto, Associado I do Instituto Líderes do Amanhã
Quando o país cresce, o PIB cresce organicamente.
Mas que tal entendermos o cálculo do PIB antes de tratarmos de país e governo?
Na ótica da Demanda Agregada, o PIB é o resultado numérico obtido pela adição de Consumo das Famílias, Investimento das Empresas, Gastos do Governo e saldo da Balança Comercial. Ou, como os economistas preferem:
Produto = Demanda Agregada = Consumo + Investimento + Gastos do Governo + (Exportações – Importações).
Voltemos à ideia inicial, a do crescimento “orgânico”.
Quando o país cresce, o PIB cresce organicamente, as famílias consomem mais (pois gozam de mais renda disponível), as empresas investem mais (gerando mais empregos, bens e serviços) e as exportações tendem a superar as importações – resultando numa balança comercial favorável para o país. Tudo isso gera um crescimento da arrecadação tributária, o que significa que o Governo também passa a ter mais dinheiro para gastar.
Filosoficamente, por outro lado, quando o país cresce, nossa liberdade cresce – pois o crescimento orgânico da renda e a estabilidade da carga tributária aumentam nosso poder de compra e, consequentemente, passamos a contemplar mais opções na hora de decidir os bens e serviços que vamos adquirir no mercado. Em outras palavras, se ganhamos mais e pagamos a mesma carga tributária, há um incremento real do nosso poder de compra – gozamos de mais liberdade individual.
Mas será que o crescimento do PIB é sempre “orgânico”? Hum. Vejamos…
Quando o PIB cresce como consequência do crescimento dos gastos do Governo, também cresce o déficit das Contas Públicas – pois a despesa do Governo cresce, mas a arrecadação continua a mesma. Quando há um déficit nas contas públicas, o Governo precisa arrecadar mais. Quando o Governo precisa arrecadar mais, os impostos crescem. Quando os impostos crescem, as famílias passam a ter menos renda disponível para o consumo e as empresas passam a ter menos disponibilidades de investimento – pois uma parcela maior de seus recursos será destinada ao pagamento desses impostos.
Em resumo, quando o Governo cresce, o PIB cresce – mas cresce artificialmente, pois o crescimento é financiado através de impostos, ou seja, é pago pelas pessoas e pelas empresas na forma da carga tributária. Portanto, uma vez que o crescimento artificial do PIB ataca diretamente o potencial de consumo das famílias e o potencial de investimento das empresas, num segundo momento, o próprio PIB é pressionado para baixo (pois, agora, as famílias e as empresas gozarão de menos recursos para ir ao mercado em busca de bens, serviços e investimentos).
Filosoficamente, quando o Governo cresce, nossa liberdade decresce – pois a carga tributária cresce, impacta negativamente nossa disponibilidade de recursos e deixa nossa liberdade individual à margem do que o Governo nos impõe (afinal, é o Governo que decide quais impostos vai aumentar e, consequentemente, o que vamos consumir).
Quando o país cresce, o PIB cresce organicamente. Todos gozam de um crescimento do livre arbítrio. Todos se tornam mais livres. Todos são beneficiados.
Quando o Governo cresce, o PIB cresce artificialmente. Alguns gozam de um breve momento de crescimento de renda no curtíssimo prazo (aqueles que gozam de benefícios fiscais, por exemplo), mas o saldo é igualmente negativo para todos no médio e no longo prazo. No fim, todos pagamos essa conta e a escassez de recursos ceifa a liberdade para usufruir o livre arbítrio. Não perdemos apenas dinheiro, perdemos, também, um pouco da nossa liberdade individual.
As perguntas que ficam são duas: nosso governo trabalha em prol do crescimento do país, ou do seu próprio crescimento? Quem se beneficia do crescimento do Governo e da fragilização da liberdade individual?