Artigo de Opinião – Por Felipe Pinto Gazoni, Associado Trainee do Instituto Líderes do Amanhã
Bolsa família. Orçamento secreto. Estado paternalista e burocrático. Os anos passam, e cada vez mais ferramentas do poder público são usadas com fins populistas. O Estado usa a desinformação, dinheiro e boa fé do contribuinte para perpetuar sua influência política. Dessa forma, fica a dúvida: por que essa prática pode ter impactado negativamente a produtividade no país?
Em 2024, o International Institute for Management Development (IMD) elaborou uma análise que compara os esforços de competitividade entre 67 nações. O Brasil ficou em 62º lugar, atrás de países como Colômbia e Mongólia. Cingapura e Suíça lideram a produtividade mundial, além de serem referência em liberdade econômica no mundo.
Ao comparar a atuação do governo brasileiro com outros países melhores colocados no ranking de produtividade, percebe-se como intervencionismo e protecionismo criam uma falsa impressão de segurança econômica na população. No exemplo do “bolsa família”, de acordo com os dados do IBGE de 2024, um quarto dos nossos compatriotas recebem o benefício, porém um pouco mais de 10% da população é responsável por custeá-lo. Ainda assim, metade dos beneficiados são adultos aptos a trabalhar, e apenas 40% deles estão empregados.
Fica ainda pior quando a metodologia utilizada pelos órgãos de pesquisa consideram em situação de desemprego apenas aqueles que tentaram, mas não conseguiram encontrar trabalho no período analisado. Esses dados “maquiados” são frequentemente utilizados por governos populistas para anunciar baixo desemprego em seus mandatos — quando parte dos beneficiados não tem intenção de trabalhar formalmente pois perderiam o benefício.
Nem sempre uma medida populista atua de forma direta, como vemos na Emenda Pix, popularmente conhecida como “orçamento secreto”. Essa medida, amplamente usada pelo governo Bolsonaro e Lula, foi criada para angariar apoio parlamentar, por meio de repasses sem transparência que transferem recursos da esfera federal para a estadual.
Nesse caso, temos um incentivo monetário para que o governo procure apoio no Congresso e Senado para aprovação de propostas, muitas vezes populistas, sem um debate real sobre a qualidade e sustentabilidade das medidas. Como o pé de meia, que cria auxílios para estudantes sem uma previsão adequada do orçamento público, ao mesmo tempo que o governo bloqueou em 2024, 1,3 bilhão da educação. Assim, o governo através de imposto de trabalhadores e empresários aumenta a popularidade com seu eleitor, sem uma melhoria real na vida das pessoas.
Por fim, é fato que o Brasil se tornou dependente de um Estado paternalista. O país, no qual metade da população não se interessa por política, preza por candidatos com discurso fácil e cativante. Aliás, quem não gostaria de uma renda universal ou um Estado que te protegesse contra o abuso do empreendedor? De quatro em quatro anos podemos escolher quem será o “responsável” pelo nosso progresso, porém, há quanto tempo esse progresso não passa de uma luz no fim do túnel? Fica, portanto, um alerta ao eleitor brasileiro: sempre duvide do político que lhe diz o que vai fazer, mas omite o como.