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Responsabilidade verbal

Artigo de Opinião – Por Filipe Busatto, Associado II do Instituto Líderes do Amanhã

Em tempos modernos, especialmente com o boom das mídias sociais, é crucial prestar atenção ao que é comunicado publicamente. Isso é ainda mais importante quando se trata de líderes de Estado, cujas declarações não só moldam a percepção de seu próprio povo, mas também influenciam a visão que o resto do mundo tem de sua nação. Esses representantes políticos atuam como porta-vozes de seus países, e cada palavra que proferem deve refletir sua responsabilidade diplomática e política.

Quando um líder faz declarações imprudentes ou ofensivas, as repercussões podem ser de grande alcance e profundidade. Dois exemplos recentes ilustram isso de forma marcante, um sendo extremamente benéfico para a nação representada e o outro totalmente desastroso.

No primeiro caso, temos o discurso de Javier Milei, presidente recém-eleito da Argentina, no 54º Fórum Econômico Mundial, em Davos. Durante sua fala, o presidente exaltou o empresariado e defendeu ideais de liberdade, proporcionando maior segurança e incentivo para o mercado externo, o que pode contribuir significativamente para colocar a Argentina novamente no radar global.

Por outro lado, temos o exemplo do presidente Lula, que durante uma entrevista a jornalistas no domingo (18/2), no hotel em que estava hospedado em Adis Abeba, capital da Etiópia, comparou o conflito na Faixa de Gaza ao Holocausto, sugerindo uma equivalência entre as atrocidades cometidas por Hitler contra os judeus. Essa declaração provocou indignação generalizada, ofendendo milhões de judeus e expondo uma grave falta de entendimento histórico e de relações internacionais por parte do chefe de Estado brasileiro, o que mina a confiança externa e compromete os fundamentos da diplomacia.

Diante da reação negativa à sua fala, o presidente Lula convocou uma reunião de emergência com ministros e auxiliares na manhã seguinte, cuja conclusão foi a decisão de não fazer qualquer novo discurso se desculpando com o governo de Israel pela declaração, pelo menos até segunda ordem.

Espera-se que o presidente Lula compreenda os efeitos de sua declaração e reconheça a responsabilidade moral e ética de escolher suas palavras com sabedoria, considerando o poder e o alcance de sua influência. Isso é fundamental para proteger a reputação do país, bem como para promover a estabilidade, a cooperação e o respeito mútuo no cenário internacional.

Indo além, a reflexão deve ir além e se mostra necessário considerar, também, o papel que a comunicação desempenha na liderança global. Num mundo interconectado, onde informações se espalham instantaneamente, os líderes devem atuar com cautela e discernimento. As palavras têm o poder de construir pontes ou erguer barreiras, de fomentar a paz ou incitar conflitos. Portanto, é imperativo que os líderes globais reconheçam a magnitude de sua responsabilidade e ajam com a prudência necessária para assegurar um futuro de entendimento e colaboração entre as nações.

Autor

Filipe-de-Barros-Busatto

Filipe de Barros Busatto

Associado II

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