Resenha Crítica – Por Mateus Oliveira, Associado III do Instituto Líderes do Amanhã
Vicente Falconi Campos nasceu em 1940 em Niterói, no Rio de Janeiro, formado em Engenharia Metalúrgica na UFMG e doutorado na Colorado School of Mines. Ao retornar para o Brasil, iniciou seu trabalho focado em pesquisa e extensão. Através da Fundação Cristiano Ottoni, o então Professor Falconi iniciou seus trabalhos de treinamento e consultoria, que lhe concederam o destaque no meio empresarial. Seu foco em resultados e domínio do método de gestão viriam a torná-lo um dos principais consultores do país.
Em sua obra “O Verdadeiro Poder”, Vicente Falconi inicia expondo a necessidade de conhecer a empresa como se fosse um mapa mental. Nessa perspectiva, é preciso ter consciência da existência de vários players e que esses devem ter suas necessidades satisfeitas de maneira simultânea e harmônica. Esses participantes são chamados stakeholders (clientes, empregados, acionistas e sociedade) e a falha na satisfação dos interesses deles pode ser traduzida na falha mais essencial e crassa na condução dos trabalhos: a de servir os seres humanos envolvidos no processo.
Ainda no início, no primeiro capítulo do livro, em que as bases humanísticas do livro são propostas para os gestores, Falconi também propõe que a empresa jamais terá sucesso havendo alienação por parte dos funcionários em relação à importância das finanças. Nesse sentido, funcionários e gestores devem estar alinhados em todo momento com as métricas relacionadas a todos os níveis organizacionais, desde a operação até o nível mais alto da diretoria, no qual a avaliação da margem EBITDA, por exemplo, pode dizer sobre a saúde da empresa.
Ou seja, havendo sintonia das diversas camadas, tem-se sucesso na gestão. Entretanto, isso só é obtido a partir de trabalho que envolve anos, e longas absorções de doses reiteradas de conhecimento coletivo e sistematizado. Em seguida, alguns outros pilares são propostos, como a necessidade de um líder disposto a cobrar toda a sua equipe, propondo para esta e com esta, uma agenda a ser seguida e respeitada. O líder deverá, segundo Falconi, “bater metas consistentemente, com o time e fazendo certo”. Não necessariamente será o líder a pessoa que terá o maior conhecimento técnico a respeito de determinada operação, mas ele certamente é quem deverá ter as maiores habilidades em gestão de pessoas, implementação de cultura, criação de exemplo, dentre outras características que unam o conjunto de pessoas envolvidas de maneira eficaz em torno do objetivo da empresa.
O resto da obra é um verdadeiro tratado sobre método, que é, segundo Falconi, o caminho pelo qual se atinge a meta, um resultado difícil (que não deve ser impossível, nem fácil) almejado e fixado, e que determinará todo o foco da empresa. Havendo foco, pode-se ter planejamento.
Também se propõe o conhecimento da organização por vários ângulos e por perspectivas de lapsos temporais, como alguns exemplos o gerenciamento funcional (horizontal) e departamental (vertical), o gerenciamento de rotinas, o gerenciamento de projetos, pelas diretrizes e, por fim, o gerenciamento estratégico focado no longo prazo.
Portanto, Falconi defende que a empresa é uma fonte contínua de aprendizado e de extração de conhecimento, trazendo inclusive algumas concepções de Abraham Maslow que pautaram bastante a psicologia do trabalho (principalmente no meio corporativo) ao longo da segunda metade do século XX, as quais são imprescindíveis, inegavelmente, para todo aquele líder que tem como meta para si executar gestão de pessoas de maneira exemplar.