Resenha com Case Prático – Por Filipe Busatto, Associado II do Instituto Líderes do Amanhã
Frédéric Bastiat foi um influente economista do século XIX, nascido na França em 1801. Cresceu em uma família burguesa durante um período de grande instabilidade política em seu país de origem. Inicialmente, começou sua carreira como comerciante de exportação de madeira, mas logo redirecionou seu interesse para a economia e a política.
Na área da Economia, Bastiat destacou-se como defensor do liberalismo clássico, apaixonado pela ideia de livre mercado e liberdade individual, em um período em que as ideias socialistas começavam a ganhar força e adeptos. Na esfera política, ganhou destaque como um dos fundadores da Sociedade de Economia Política de Paris e como membro eleito para a Assembleia Nacional Francesa em 1848.
Suas obras alcançaram grande relevância, caracterizadas por uma escrita clara e acessível, repleta de parábolas e exemplos. Destaca-se, entre elas, “O que se vê e o que não se vê”, objeto desta resenha. A obra em questão foi escrita em 1849 e publicada em 1850, no ano da morte de Bastiat, em plena Revolução Francesa. Ao longo da obra, o leitor é presenteado com uma série de ensaios que ajudam a compreender a diferença principal entre o bom e o mau economista: “um se detém no efeito que se vê; o outro leva em conta tanto o efeito que se vê quanto aqueles que se devem prever”.
O primeiro caso apresentado pelo autor refere-se à vidraça quebrada, que consiste numa vidraça quebrada por uma criança. Esse evento é visto de forma positiva, já que o dono do imóvel movimentará o mercado de vidros, adquirindo uma nova vidraça para repor a que foi danificada. Segundo Bastiat, isso é o que se vê. O que deixa de ser visto, no caso, é que o dono do imóvel deixará de investir o mesmo valor na compra de um sapato, por exemplo, voltando ao status quo ante, ou seja, com a mesma vidraça que já possuía. Isso impede que o dinheiro seja gasto em outras áreas, prejudicando a economia como um todo. O autor conclui o caso com uma afirmação pungente, que leva o leitor a refletir bastante sobre o primeiro caso: “não há lucro na destruição”.
Outro conceito fundamental, apresentado em forma de exemplo, é a restrição à importação, por meio de tarifas. Comumente visto quando empresários se sentem ameaçados por produtos estrangeiros mais baratos, optam por usar o lobby no legislativo para brecar o ingresso de outros países, mesmo que isso resulte na elevação do custo para os consumidores de seu país. O que se vê, nesse caso, é um aumento da prosperidade no país, mas deixamos de ver que, para o cidadão que consumia um produto a 10 moedas e passa a adquiri-lo internamente por 15 moedas, deixa de movimentar a economia com a diferença que passou a pagar ao empresário local.
E com muitos outros casos similares, Bastiat nos mostra como o governo gera mais desequilíbrios na economia quando intervém para balanceá-la. “O que se vê e o que não se vê”, mesmo escrito em 1849, entrega um conteúdo atemporal e relevante, ainda nos tempos de hoje. Uma obra indispensável para todos que desejam repensar as interferências de um governo ativo na liberdade individual e, principalmente, no livre mercado.