Resenha Crítica – Por Juliana Bravo, Associada III do Instituto Líderes do Amanhã
Lançado em 2019 pela Netflix, “O Código Bill Gates” é um documentário de três episódios que investiga profundamente a vida e a carreira de Bill Gates, cofundador da Microsoft e um dos indivíduos mais influentes do mundo. A obra, dirigida por Davis Guggenheim, explora a complexidade do personagem principal e analisa seu impacto na indústria de tecnologia, seu engajamento filantrópico e seu compromisso inabalável em enfrentar alguns dos desafios mais urgentes do mundo.
Com cada um dos três episódios focado em um dos aspectos da vida de Gates, o documentário faz uso de entrevistas com personalidades famosas – além do próprio Gates -, o que garante uma narrativa envolvente e humanizada. O foco da obra é decifrar as motivações e estratégias do bilionário, cujo apetite por mudar o mundo parece insaciável.
Desde o interesse por computadores na infância, o espírito empreendedor de Gates se destaca como uma característica crucial na jornada até a criação de uma das empresas de tecnologia mais impactantes da história. O documentário, no entanto, não deixa de abordar controvérsias que cercaram a Microsoft, tais como as questões antitruste, o que acrescenta uma camada de complexidade ao protagonista, vez que examina como a superação de desafios profissionais o afetaram pessoalmente.
Um dos pontos com maior enfoque da obra da Netflix é a criação da Fundação “Bill e Melinda Gates” e sua abordagem sobre a crise mundial de saúde, de educação e de pobreza. O telespectador é apresentado a iniciativas financiadas pela fundação, incluindo projetos de universalização do saneamento básico e de luta contra a poliomielite e a malária. Gates é destacado como um solucionador de problemas que pensa globalmente, cujo otimismo no poder da inovação inspira todos a seu redor a trabalharem em prol das causas.
A mente de Gates trabalha de forma lógica até mesmo quando se trata dos projetos da Fundação. Durante o programa de erradicação da poliomielite na Nigéria, por exemplo, Gates e sua equipe descobriram a precariedade dos mapas referentes ao interior daquele país, mas isso não impediu o desenvolvimento do programa. Ao lançar mão de tecnologia via satélite, o time de Gates desenvolveu novos mapas que oportunizaram a correção de uma falha das regiões a serem cobertas pelos profissionais que levavam as vacinas.
Um dos aspectos mais marcantes da obra é a sensação de aproximação do telespectador à vida pessoal de Gates. Imagens íntimas da sua rotina diária e reflexões pessoais permitem que o bilionário americano seja enxergado sob um aspecto humano, desmistificando a ideia de um magnata frio que ignora a realidade enfrentada pelas pessoas “comuns”. Nesse sentido, o trabalho de direção leva o telespectador tanto a considerar as implicações da riqueza e da influência de Gates na resolução de problemas quanto a analisar o papel dos bilionários nas questões sociais.
Apesar de Bill Gates ser o protagonista da obra, há enorme destaque para sua esposa, Melinda. Enquanto ele é dotado de genialidade lógica, ela é retratada como o coração de tudo, a responsável por adicionar uma enorme dose de humanidade a tudo aquilo que o casal se dispõe a fazer.
A junção da reflexão sobre a interconectividade da tecnologia, os desafios globais e o potencial dos indivíduos para impulsionar mudanças positivas são um convite irrecusável de uma das figuras mais influentes do mundo para que assistamos ao documentário. Mais do que agradar os entusiastas da tecnologia, “O Código Bill Gates” inspira os que se preocupam com questões globais por meio do compromisso de Gates em fazer a diferença em uma realidade em constante transformação.
