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Resenha – Liberalismo

Resenha Crítica – Por Daniela Hemerly Emery Cade, Associada II do Instituto Líderes do Amanhã

A palavra “liber”, que significa livre em latim, carrega a ideia central do pensamento liberal: autonomia. Nesse contexto etimológico, destaca-se a obra “Liberalismo”, de Ludwig von Mises, que se configura como referência para os defensores da liberdade individual. Publicado originalmente em 1927, o livro de Mises representa um marco intelectual e oferece uma resposta aos desafios que marcaram o período entre guerras na Europa.

Ludwig von Mises foi um pensador austríaco, nascido em 1881, que dedicou sua vida à defesa dos princípios liberais. Mises é um dos destaques da Escola Austríaca de Economia, ressaltando-se por suas ideias sobre a natureza do mercado, a função do Estado e o papel crucial da liberdade no crescimento de uma sociedade.

O objetivo de Mises ao escrever “Liberalismo” foi entregar uma obra que não apenas explicasse os princípios do liberalismo clássico, mas também refutasse as correntes de pensamento que ameaçavam acabar com esses fundamentos. Em um período marcado por agitações políticas e econômicas, Mises buscou proporcionar uma base intelectual para a compreensão das vantagens do livre mercado e da limitação do intervencionismo estatal.

No entanto, ao longo dos anos, as ideias fundamentais do liberalismo têm enfrentado desafios significativos. A implementação prática desses princípios muitas vezes se viu prejudicada pela dificuldade em seguir o programa liberal conforme planejado. As críticas à natureza materialista e terrena do liberalismo, citadas pelo autor, bem como a censura pelo seu caráter racionalista, têm contribuído para uma considerável redução da influência do liberalismo.

Na obra de Mises, enfatiza-se que todas as inovações surgiram para atender às necessidades das massas, contrariando a visão equivocada que retrata o capitalista como alguém egoísta e indiferente. O liberalismo, ao contrário, busca promover o bem-estar de todos, não de um grupo específico, sendo o interesse do liberalismo, na verdade, o interesse da humanidade como um todo. A livre competição e a ausência de intervenções estatais excessivas permitem que os melhores produtos e serviços surjam em resposta às necessidades reais das pessoas, não como resultado de manipulações ou favorecimentos do mercado.

A política contrária ao liberalismo, caracterizada pela utilização imediata do capital em benefício imediato em detrimento do futuro, desafia a missão do liberalismo de buscar o progresso a longo prazo. Nesse contexto, a crítica feita pelo autor em relação à mentalidade neurótica que prefere a “mentira salvadora” destaca-se como uma reflexão relevante. Frequentemente, o sistema é responsabilizado pelos fracassos, enquanto o liberalismo, em sua essência, busca a autossustentação e o progresso futuro da sociedade.

Apesar dos desafios enfrentados pelo liberalismo ao longo dos anos, as ideias de Mises continuam sendo uma defesa da autonomia individual e do livre mercado. O centro de sua argumentação reside na propriedade privada como um pilar fundamental de uma sociedade de divisão de trabalho. Para o economista, a cooperação humana só é eficaz quando baseada na liberdade da propriedade privada, ou seja, no direito de possuir propriedade e exercer sua autonomia na gestão e uso dessa propriedade, desde que não violem os direitos de outras pessoas.

O liberalismo, segundo Mises, não é apenas uma filosofia econômica, mas uma filosofia de paz. A defesa da propriedade privada e da liberdade individual não apenas promove a prosperidade, mas também atua como um antídoto para conflitos e guerras. O austríaco argumenta que a guerra destrói, não cria, e que a verdadeira progressão da sociedade ocorre através da cooperação pacífica baseada na liberdade.

Mises destaca, em sua obra, a importância do trabalho livre e produtivo em oposição ao trabalho forçado. O trabalhador livre, ciente de que seu esforço é diretamente proporcional à sua recompensa, encontra na liberdade a motivação para alcançar seu máximo potencial. Essa visão contrasta com sistemas que coagem a força de trabalho, minando a eficiência e a motivação intrínseca.

Além disso, na visão misesiana, o papel do Estado é restrito à proteção da propriedade privada, garantindo a liberdade e a manutenção da paz. Essa abordagem contrasta com formas intervencionistas que, segundo ele, distorcem as forças naturais do mercado, prejudicando a eficiência econômica e a liberdade individual.

Ao abordar a questão da igualdade, o livro destaca a diferença crucial entre o liberalismo e o socialismo. Enquanto o liberalismo busca a igualdade de direitos, permitindo naturalmente a desigualdade de renda como estímulo à produtividade individual, o socialismo insiste na igualdade de renda, prejudicando iniciativa individual.

Mises deixa claro, ao final do livro, que essa filosofia não deve ser confundida com uma religião, uma visão de mundo específica ou um partido movido por interesses particulares. Pelo contrário, o Liberalismo, conforme explicado pelo autor, visa a desenvolvimento pacífico e sustentável do bem-estar material. Seu lema fundamental consiste na redução do sofrimento e no aumento da felicidade na sociedade como um todo, fundamentando assim a ideia de que a verdadeira riqueza se dá pela valorização da liberdade individual.

MISES, Ludwig von. Liberalismo. Traduzido por Haydn Coutinho Pimenta. 2. ed. São Paulo: Instituto Ludwig von Mises Brasil, 2010.

Autor

Daniela-Hemerly-Emery-Cade

Daniela Hemerly Emery Cade

Associada II

Valor Investimentos

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