Resenha Crítica – Por Tito Dias Kalinka, Associado II do Instituto Líderes do Amanhã
Gestão de alta performance é um livro escrito por Andrew S. Grove, ex-CEO da Intel. Nasceu em 1936, na cidade de Budapeste, na Hungria. Imigrou para os EUA em 1956. Foi um dos fundadores da Intel, assumindo o cargo de presidente em 1979, de CEO em 1987 e de presidente do conselho em 1997. Faleceu em 2016, aos 79 anos.
O livro é um guia prático que traz lições atemporais para gestores de todas as áreas, principalmente para a média gestão. A busca pela alta performance justifica-se na medida em que a globalização e os avanços tecnológicos acirram a competitividade entre os negócios. Da mesma forma que a transformação exige que as empresas atuem para se manter competitivas em relação ao mercado, o gestor médio também deve fazer o mesmo com relação a sua carreira. A ideia central do livro é que o output do gestor não são as atividades desempenhadas, mas o output do grupo que lidera e dos grupos sob sua influência.
Logo no início do livro, ele trata que gerenciar uma empresa é como servir café da manhã em um restaurante. Caso seja um garçom e receba uma ordem composta por um ovo cozido por três minutos, torradas e café. Essa simples tarefa já possui requisitos para produção. Precisa responder a demanda não só entregando os produtos pedidos dentro de um cronograma, mas também atendendo às expectativas de qualidade e mantendo os custos baixos. Como garçom, deve-se encontrar a etapa mais difícil de concluir e é papel do gestor encontrar a maneira mais econômica de usar os recursos, tornando o output de alto padrão.
Logicamente é impossível que o gestor esteja presente em todos os lugares, logo, deve pautar suas decisões em boas ferramentas de medição e avaliação. Grove enfatiza a importância de medir o desempenho por meio de indicadores de desempenho (KPIs) e estabelecer metas claras. No caso do café da manhã, o gestor vai querer saber as previsões de vendas, os níveis de estoque, condições dos equipamentos utilizados, atualização sobre a força de trabalho e indicador de qualidade que possa mensurar a opinião pública em relação ao restaurante.
A máxima do livro é na defesa do autor de que o sucesso do gestor está intimamente conectado ao sucesso de seus liderados. Mesmo que tenha um bom planejamento, mas sua equipe venha a falhar na operação, a responsabilidade recai sobre ele. Uma das grandes responsabilidades de um gestor é colher e compartilhar informações, mesmo de forma informal. Porém, Grove traz a importância da boa e velha reunião como essencial para uma boa gestão. O livro cita dois tipos de reuniões: a orientada para a missão e a orientada para o processo. A primeira busca chegar a decisões visando resolver problemas específicos. Já o segundo tipo visa compartilhar informações e opiniões sobre assuntos menos urgentes. A forma mais popular desse tipo de reunião é a one on one, de gestor para liderado.
Um dos papeis principais de um gestor é saber motivar seu time, algo que requer habilidade principalmente com as novas gerações chegando no ambiente de trabalho. Apesar da motivação vir de dentro e cada pessoa ser diferente em relação à outra, para Grove, o gestor deve saber se seus funcionários são orientados por competência ou por realizações. Os primeiros são motivados a expandir seus conhecimentos e habilidades. Nesse caso, os gestores devem encorajá-los a produzir resultados tangíveis e não deixá-los focar somente em sua auto performance. Já o que são orientados por realizações são movidos pelo sucesso.
Aparentemente, pelo livro, não existe uma forma certa de “fazer gestão”. No entanto, para qualquer tipo de situação, os pesquisadores de motivação e liderança apontaram uma variável que indica qual a abordagem que se deve confiar. Esse estilo de avaliação é chamado de maturidade relevante para a tarefa, ou TRM. Este combina as tendências de um funcionário relacionadas à responsabilidade e realização, bem como sua educação, experiência e seu treinamento. O TRM de um trabalhador pode ser maior para uma tarefa e baixo para outra.
O livro traz vários insights de extrema importância para a gestão atualmente, apesar de ter sido escrito nos anos 80. Grove foi um visionário e seu modo de liderar e gerir continua atual.