Resenha Crítica – Por Thiago Ferreira Garcia, Associado II do Instituto Líderes do Amanhã
Escrito por Andrew Grove, o livro Gestão de alta performance traz os ensinamentos para que um gestor crie e sustente uma empresa de alto rendimento. Trata-se de um guia prático para gerenciar equipes e manter o foco em resultados, com lições para gestores das mais diversas áreas. Para isso, Grove cria analogias simples ao explicar conceitos complexos, comparando, por exemplo, a gestão de uma empresa com o gerenciamento de uma fábrica de café da manhã.
Andrew S. Grove foi um engenheiro e empresário norte-americano. Nascido na Hungria, imigrou para os Estados Unidos em 1956 e foi um dos fundadores da Intel, companhia na qual chegou ao cargo de presidente em 1979, de CEO em 1987 e de presidente do conselho em 1997. Também lecionou na Faculdade de Administração da Universidade de Stanford durante 24 anos.
Ao longo da obra, Grove enfatiza a importância do gerenciamento do tempo de um gestor como um recurso valioso, destacando a necessidade de alocá-lo estrategicamente para maximizar a produtividade do seu time. Nesse contexto, ele explora o papel fundamental das reuniões eficazes, enfatizando sua importância para a comunicação e tomada de decisões.
Obviamente, é impossível que um gestor de alta performance esteja em todos os lugares ao mesmo tempo. Portanto, para poder obter uma visão geral da companhia, um gestor precisa confiar em boas métricas, devendo escolher pelo menos cinco indicadores a serem analisados periodicamente. Nesses indicadores deve haver previsões de vendas, nível de estoque, condições dos equipamentos, atualização sobre mão-de-obra e um indicador de qualidade do produto ou serviço final.
Na primeira parte do livro, o autor explica que gerenciar uma empresa é como servir café da manhã, uma vez que requer um conhecimento profundo dos processos de produção. Um funcionário responsável pela produção do café da manhã, por exemplo, deve especificar a etapa limitante do seu processo de produção, ou seja, aquele componente que levará mais tempo a ser preparado.
Além disso, todos os fluxos de produção têm uma característica em comum: o material se torna mais valioso à medida que avança pelo processo. Nesse contexto, uma regra importante é detectar e corrigir qualquer problema de um processo de produção na etapa de menor valor.
Sobre alavancagem, Grove explica que as ações de um gestor devem trazer o melhor impacto nos resultados da companhia. Isso deve ser alcançado com ações que provocam mais entregas ou entregas de maior valor. O output de um gestor é o resultado obtido sob sua supervisão ou influência. Nesse aspecto, são abordados temas como delegação de tarefas, tomadas de decisão, rotina e quantidade ideal de subordinados.
Sobre reuniões, o autor entende ser uma ferramenta importante para o trabalho do gestor. Destaca a importância das reuniões one-on-one, entre supervisores e subordinados, bem como reuniões de equipe e avaliações operacionais, que são apresentações formais nas quais os gestores descrevem seus trabalhos a outros gestores. Grove entende que as reuniões são positivas, desde que sejam, em grande maioria, voltadas ao processo, com periodicidade previamente definida.
Avançando pelo livro, outra atribuição importante confiada ao gestor refere-se à motivação da sua equipe. Para isso, é necessário saber se os colaboradores são orientados por competência, motivados a expandir seus conhecimentos e habilidades, ou por realizações, movidos pelo sucesso.
Nesse contexto, gestores devem ser responsáveis a dar aos subordinados avaliações de desempenho francas, além de uma remuneração criteriosa, com base no mérito. Com isso, todos os membros da empresa valorizarão o desempenho.
Por fim, o livro, publicado inicialmente em 1983, se mantém atual em vários aspectos. O autor consegue passar de forma didática muitos conceitos que podem ser aplicados a diversos gestores, independentemente do tamanho das organizações em que atuam.