Artigo de Opinião – Por Carolina Rangel, Associada II do Instituto Líderes do Amanhã
Está evidente que a Revolução 4.0 está em percurso. Tecnologia da informação, inteligência artificial, big data são evidências experimentadas por nós diariamente.
Nesse sentido vivenciando um mundo VUCA (Volatility, Uncertainty, Complexity, Ambiguity), onde a velocidade da informação está cada vez mais rápida e imparável. Por um lado, vemos avanços tecnológicos, gerando diversas melhorias em várias áreas, como na área comercial, com a análise de dados;na indústria, com a automação da linha fabril, entre outros. Entretanto, quando tentamos enxergar essa evolução especificamente no setor de recursos humanos, temos certa dificuldade. Isso se dá, pois a grande maioria das empresas ainda possui o perfil de RH mais tradicional: mindset com raízes fincadas na burocracia dos processos, com pouca ou nenhuma tecnologia envolvida, muito centralizadora e pouco estratégica.
O impacto dessa tecnologia de informação cada vez mais frequente e indispensável nas empresas, gera questionamentos entre gestores e colaboradores. As incertezas de como a indústria 4.0 afeta e afetará as empresas são pertinentes. Colaboradores estão pressionados com o cenário dessa evolução. Estão questionando sua real necessidade no trabalho e quando chegará o momento em que eles serão substituídos por uma nova tecnologia. Essas incertezas geram conflitos internos e crises de ansiedade.
De acordo com o último grande mapeamento global de transtornos mentais, realizado pela OMS em 2022, o Brasil possui a população com a maior prevalência de transtornos de ansiedade do mundo. Índices de depressão no ambiente de trabalho estão cada vez mais altos. Mas o que revolução 4.0 tem a ver com recursos humanos? Como a revolução 4.0 pode alinhar expectativas entre colaborador e empresa, a fim de obter satisfação em ambos os lados? Uma revolução 4.0 no setor de recursos humanos pode e deve ser primordial para a sustentabilidade do negócio e a saúde mental dos colaboradores.
É de conhecimento geral que, a denominação Revolução 4.0 é derivado de outras 3 revoluções industriais. A Primeira Revolução Industrial ocorreu em meados de 1765, com a mecanização, introdução da máquina a vapor e do carvão como principais marcos. Na Segunda Revolução Industrial, em 1870, a produção em massa vem à tona, com linha de montagem com base em eletricidade e petróleo. Quando a Terceira Revolução Industrial surge, começamos a enxergar um papel mais presente da tecnologia. Surgem computadores, equipamentos eletrônicos e Tecnologia de Informação, o que faz com que a automação industrial seja um grande marco para a sociedade. Começa então uma busca incessante para a automatização de linhas de produção, processos e tarefas realizadas pelo ser humano, a fim de obter um resultado mais otimizado possível.
A Revolução 4.0 é pautada na tecnologia de informação. Sistema cibernético, produção inteligente, redes, inteligência artificial e internet das coisas. Mas apenas isso não é suficiente para gerir uma empresa. No livro “Gestão 4.0 e Tempos de Disrupção”, com organização de Solimar Garcia e outros 10 autores, afirma-se o seguinte: “Diante da Quarta Revolução Industrial, e no mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo que decorre da adoção de tecnologias digitais diversas, a gestão passa a ser fator crucial no sucesso do negócio – talvez até mais do que o produto ou serviço oferecidos.”
Uma gestão 4.0 é focada em maximizar o uso da tecnologia e dados, a fim de ajudar a empresa na tomada de decisão. Mesmo vivenciando um mundo em evolução, é muito comum as empresas terem um RH tradicional, que tem como pilares um sistema burocrático, focado em hard skills e desalinhado com a cultura e valores da empresa. Com pouco ou nenhum investimento em tecnologia e sem interesse na qualidade de vida dos seus colaboradores. Essa falta de inovação no setor gera um desalinhamento com o propósito da empresa, há pouco ou nenhum desenvolvimento de colaboradores e como consequência, um provável insucesso da empresa e seus funcionários.
Logo, o que a Revolução Industrial 4.0 traz é a possibilidade de trabalharmos com a criatividade, de forma mais estratégica e humanizada. Um marco da gestão 4.0 é pessoas no centro do negócio. Um RH alinhado com os propósitos e valores da instituição contribui para a sustentabilidade do negócio.
Ao contrário de um RH tradicional, o RH 4.0 tem como desafios processar e proteger uma série de dados, investir em pesquisas e novas tecnologias, no desenvolvimento de lideranças e de equipes. Soft skills serão prioridade.
Além disso, o RH 4.0 direciona o negócio para um formato mais estratégico, com desenvolvimento de habilidades de pessoas e ressignificando o que é trabalho. Afinal, a nova geração de pessoas no mercado de trabalho está em busca de um propósito alinhado com seus próprios valores.
O gestor responsável pelo setor de recursos humanos tem uma responsabilidade individual de levantar essa necessidade aos CEOs da empresa. Trazer renovação ao setor, a fim de obter perenidade e sucesso ao negócio. Cabe a ele agregar novas tecnologias, novos processos e incluir o colaborador como ponto focal da empresa. Gerar sensação de pertencimento à equipe de trabalho e garantir que elas estejam no centro do negócio, com o intuito de gerar valor e garantir a satisfação do colaborador.
É evolução 4.0 veio para que nós pudéssemos usufruir da informação e tecnologia da melhor maneira possível. Quanto mais dados obtivermos com a tecnologia, mais informações teremos para tomarmos decisões assertivas no negócio.
Dessa forma, com um RH mais moderno e inclusivo, os colaboradores terão um sentimento de pertencimento, propósito de vida e com isso qualidade de vida. Assim, se reduzirá o nível de stress no ambiente de trabalho, fazendo com que as pessoas se motivem e colaborem com o sucesso da empresa. No RH 4.0, pessoas enfim ficarão no centro da estratégia e serão o foco de setor.