Artigo de Opinião – Por Leonard Batista, Associado Alumni do Instituto Líderes do Amanhã
A introdução do programa FINAME no Brasil desencadeou uma série de transformações na economia do país, com consequências profundas, particularmente no setor de transporte rodoviário de carga. Essas mudanças levaram a uma crise que afetou diretamente os caminhoneiros, que, sobrecarregados por dívidas, viram seus ganhos minguarem. Dessa forma, se faz importante analisar o impacto do FINAME na queda do valor dos fretes no Brasil e a subsequente crise que afetou os caminhoneiros.
Para entender adequadamente as ramificações dessa situação, é essencial aplicar a lição do economista francês Frédéric Bastiat em seu trabalho “O que se vê e o que não se vê”. Essa obra destaca a importância de considerar não apenas as consequências imediatamente visíveis de uma ação econômica, mas também as consequências invisíveis que muitas vezes são negligenciadas. A análise de Bastiat lembra que, ao examinar o impacto do FINAME nos fretes, deve-se olhar além das consequências óbvias e considerar as implicações a longo prazo.
O FINAME foi projetado com a intenção de promover o desenvolvimento da indústria brasileira e, ao fazer isso, incentivou a aquisição de caminhões novos por meio de financiamento. Isso levou a um aumento da oferta de caminhões no mercado de transporte rodoviário de carga, o que tornou a concorrência entre os transportadores mais intensa. À primeira vista, isso pode parecer benéfico, pois teoricamente deveria resultar em preços mais baixos para os serviços de transporte.
No entanto, a análise liberal e a economia austríaca nos alertam para as consequências invisíveis dessa política. O aumento da oferta de caminhões gerou uma concorrência acirrada, o que pressionou os preços dos fretes para baixo. Embora isso possa parecer uma vitória para os consumidores e para a economia, a realidade é mais complexa. Os caminhoneiros, já altamente endividados devido à aquisição dos caminhões financiados pelo FINAME, viram seus rendimentos diminuírem drasticamente.
Nesse ponto, a Escola Austríaca, com sua ênfase na importância dos preços de mercado como sinais de escassez e valor, entra em jogo. A queda dos preços dos fretes, causada em parte pelo aumento da oferta de caminhões, desencadeou uma crise entre os caminhoneiros. Muitos deles não conseguiram mais cobrir seus custos operacionais, o que os levou a uma situação insustentável.
Aqui, pode-se aplicar o conceito de “custos ocultos” da economia austríaca. Embora os fretes mais baixos tenham resultado em economia para as empresas que contratam serviços de transporte, isso não leva em consideração os custos ocultos incorridos pelos caminhoneiros. A crise entre os caminhoneiros, com greves e protestos, demonstra que os custos ocultos, como dívidas crescentes, estresse e dificuldades financeiras, são reais e têm um impacto profundo na economia.
Dessa forma, a intervenção governamental por meio do FINAME demonstra claramente os perigos da interferência estatal nos mercados. Ao inundar o mercado de transporte com uma oferta significativamente maior de caminhões, o governo desequilibrou a relação entre oferta e demanda, resultando em uma queda abrupta nos preços dos fretes. Isso gerou uma crise insustentável para os caminhoneiros, que já estavam pesadamente endividados devido à aquisição de veículos financiados pelo programa. Essa situação ilustra como a intervenção estatal, muitas vezes maquiada por uma “boa intenção”, pode, na realidade, levar a consequências negativas, destacando a importância de uma abordagem mais liberal e cautelosa para a regulação econômica, que priorize a liberdade de mercado e o respeito aos princípios econômicos fundamentais.
Em resumo, o impacto do FINAME na queda dos valores dos fretes no Brasil e na crise subsequente dos caminhoneiros é um exemplo vívido de como as políticas econômicas podem ter consequências invisíveis que precisam ser consideradas. A abordagem liberal e a Escola Austríaca recordam a todos que a busca do equilíbrio entre a liberdade de mercado é fundamental para uma economia saudável.