Resenha Crítica – Por Natalia Vieira Villela, Associada Trainee do Instituto Líderes do Amanhã
O livro “As Seis Lições” apresenta princípios do pensamento liberal e é a transcrição de palestras ministradas pelo economista austríaco Ludwig von Mises em uma conferência na Argentina em 1959. Neste evento, Mises discorreu sobre o capitalismo, socialismo, intervencionismo, comunismo, fascismo, política econômica e ditadura. O autor defendia a liberdade individual e o livre mercado sem perder o rigor cientifico na análise dos problemas sociais, econômicos e políticos enfrentados pela sociedade.
A primeira lição abordada no livro se trata do capitalismo. O autor recorda que, antes do capitalismo, as indústrias de beneficiamento existiam quase exclusivamente em proveito dos ricos e era praticamente impossível para uma pessoa subir de classe social. Com o advento do capitalismo, surgiu a produção em massa para satisfazer as necessidades das massas e uma elevação no padrão de vida dos indivíduos, que gerou grandes progressos sociais fruto da acumulação de capital. Mises destaca que, diferente dos reinos feudais, no capitalismo as empresas que servem aos seus clientes.
A segunda lição tem o socialismo como tema principal. Neste capitulo, o autor aborda a liberdade na sociedade e menciona que “num sistema desprovido de mercado, em que o governo determina tudo, todas as outras liberdades são ilusórias. ” O autor menciona que o sistema socialista proíbe a liberdade de escolha da carreira, e compara os homens neste regime com os soldados de um exército, em que só o cabe seguir as ordens dos líderes. Mises explora a importância do cálculo econômico e sistema de preços como mecanismos de alocação de recursos na sociedade e como estes seriam um problema no sistema socialista.
A terceira lição trata do intervencionismo. Mises defende que o governo tem o dever de proteger as pessoas contra bandidos e o país contra inimigos externos para um funcionamento harmônico da economia. O autor critica a interferência do governo na economia e destaca que o controle de preços gera distorções no mercado. Para ilustrar seu ponto, Mises utiliza como exemplo um caso em que o Estado estabelece um preço máximo para o leite com o objetivo de torná-lo mais acessível à população e conclui que essa política provocaria uma maior demanda, ao mesmo tempo que geraria menores incentivos para produção de leite e provocaria uma escassez do produto.
Em seguida, a quarta lição aborda a inflação e aos efeitos nocivos da expansão monetária na economia. Mises argumenta que a inflação resulta da maior quantidade de dinheiro disponível no mercado, o que leva a uma desvalorização da moeda e o empobrecimento da população.
Na quinta lição, o autor enfatiza a importância do investimento estrangeiro como impulsionador no desenvolvimento econômico. Mises destaca que o investimento estrangeiro gera empregos e estimula a transferência tecnológica, e recorda que, se não fosse pelo investimento estrangeiro, inúmeros portos, fábricas e minas não teriam sido construídas no ocidente.
Finalmente, na sexta lição “Políticas e Ideias”, o economista defende a liberdade individual e responsabilidade pessoal como base para uma sociedade prospera. O autor enfatiza a necessidade de um ambiente em que haja livre mercado e conclui que “somente as boas ideias podem iluminar a escuridão”, em referência a importância da educação para uma mudança real na sociedade.
Este livro foi escrito há mais de 60 anos e ainda toca pontos muito atuais, com uma forte relação com o Brasil atual. A cada lição, torna se mais evidente que para um maior desenvolvimento do nosso país é necessário que as pessoas tenham mais educação financeira e econômica. Enquanto essa consciência não for disseminada, os políticos populistas continuarão criando iniciativas benéficas a curto prazo, pensando nas próximas eleições, enquanto a população sofre as consequências a longo prazo de um eterno em desenvolvimento.