Artigo de Opinião por Luan Sperandio, Associado III do Instituto Líderes do Amanhã
O atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP/AL) está no comando desde o segundo biênio da legislatura anterior, quando Jair Bolsonaro (PL) era o presidente da República, tendo contado com seu apoio. Nesta legislatura, Lira foi reeleito para liderar a Câmara dos Deputados com a maior votação da história, tendo o apoio do Governo Lula.
Lira demonstrou consistentemente sua disposição para o diálogo. Durante o governo Bolsonaro, desempenhou um papel crucial na articulação de cargos-chave, como a chefia da Casa Civil, que foi ocupada por Ciro Nogueira (PP/PI), senador e presidente do PP nacional. Em 2022, apesar da acirrada eleição que resultou na vitória de Lula, Arthur Lira prometeu negociar com o novo presidente, mesmo quando Lula inicialmente resistiu a ceder espaços ao Centrão. No entanto, devido às dificuldades em construir uma base sólida e em aprovar projetos, Lula acabou cedendo espaço ao Centrão. Isso foi evidenciado pela nomeação de André Fufuca (PP/MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos/PE), embora Lula tenha optado por uma cerimônia discreta, o que gerou alguma insatisfação por parte do Centrão.
Lira tem buscado uma maior participação no governo de Lula, incluindo o interesse em influenciar no comando da Caixa Econômica Federal e da Funasa, com o objetivo de acomodar aliados do PP.
A corrida contra o tempo de Lira, cujo mandato se encerra no início de 2025, é fugir do histórico de ex-presidentes da Câmara dos Deputados que após presidirem a Casa não conseguiram se manter como protagonistas da política.
Arlindo Chinaglia (PT/SP) e Marco Maia (PT/RS) perderam gradativo apoio e grau de influência na Casa, apesar de terem mandatos na sequência. Henrique Eduardo Alves (MDB/RJ) foi Ministro do Turismo na sequência, mas acabou perdendo espaço politicamente após envolver-se na Operação Lava Jato. Já Rodrigo Maia (à época, União), envolveu-se em embates com o governo Bolsonaro e Antônio Carlos Magalhães Neto, de seu próprio partido, não conseguiu fazer seu sucessor na disputa com Lira na presidência da Casa e acabou se retirando da política nacional ao se tornar secretário no governo de São Paulo e posteriormente não candidatar-se novamente.
Arthur Lira possui mandato até 2025 e não poderá disputar novamente a presidência da Câmara. Em 2022 ele foi eleito como o deputado federal mais votado em Alagoas, com mais do que o dobro de votos do segundo colocado. Lira está determinado a quebrar esse padrão negativo de ex-presidentes da Câmara e, para isso, pode buscar, por exemplo, liderar um Ministério relevante no Governo Lula para a segunda metade de seu mandato e se manter nos holofotes para concorrer a uma das duas cadeiras que estarão em disputa pelo Senado Federal em 2026 em Alagoas.